Por essa altura, eu tinha terminado o curso e começado a dar aulas. Nesses primeiros anos, fui-me tornando mais consciente do chamamento. Já antes havia sinais, mas não era ainda capaz de os compreender. Quando comecei a fazer mais silêncio, pude escutar uma Palavra dirigida a mim. Uma Palavra que é resposta às minhas perguntas e aos desejos mais profundos de cada ser humano. A vocação? No fundo é uma questão de Amor. Como todas as vocações. Há um Amor que te chama. E nós somos livres para responder. "Seduziste-me, Senhor, e eu deixei-me seduzir" - dizia eu com Jeremias (20,7). Havia outros jovens que tinham escutado a mesma Palavra e decidido viver o Evangelho. A sério. Coisa rara, neste e em todos os tempos. Já conhecíamos um pouco do mundo. Um mundo que promete muito e dá bem pouco. Que te acena com uma felicidade de "shopping". Liberdade e amores que te atam e não te salvam. E nós queríamos verdadeira liberdade. Amor sem condições. Sonhávamos e sonhamos que outro mundo é possível, porque o Reino já está no meio de nós, dentro de nós.
Carmelita? Sem dúvida. Porquê? A espiritualidade e os grandes mestres Teresa de Jesus, João da Cruz, Teresinha, Isabel da Trindade, Edith Stein... A oração contemplativa, o estilo de vida fraterno e simples, o apostolado. Estou convencido de que esta forma de viver e anunciar o Evangelho de Jesus é resposta para o nosso mundo. Um mundo em mutação contínua, onde haverá cada vez menos cristãos, mas muitos homens e mulheres que procuram aproximar-se do Mistério que nos envolve e habita.
Fr. João Rego
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